Review
Muito interessante, não? Descobrimos que os sons têm
alturas, timbres e volumes diferentes. Eu disse que música é a combinação
desses sons. E como podemos combinar os sons? Para responder a essa
obsedante pergunta, precisamos destrinchar a própria música. Quais os
elementos que compõe uma música? Vimos que são os sons. Mas vamos ver melhor
a questão.
Em qualquer manuel de música você vai encontrar esta
simpática definição: "a música é dividida em três elementos: melodia,
harmonia e ritmo". Bom, para nós, que sabíamos até agora que música é a arte
de combinar sons definidos, dizer que a música é feita de Harmonia, Melodia
e Ritmo parece grego. Mas não se preocupe. Em alguns instantes saberemos o
que significa cada um desses termos.
Vamos usar como exemplo "With a little help from my
friends". Ouça-a. Novamente. Podemos distinguir as três partes
principais da música, aquelas que falamos acima:
Melodia – voz do Ringo
Harmonia – os acordes de guitarra do John
Ritmo – a bateria do mesmo Ringo e o baixo de Paul
A voz de Ringo canta uma sequência de sons. Um após outro,
cada sílaba da letra corresponde a um som. Enquanto isso, os instrumentos
acompanham. Acompanhar significa tocar outras notas que combinem com a que
está sendo cantada. É o que John, George e Paul estão fazendo. Além disso, a
música tem uma pulsação constante. Isso pode ser sentido; é essa pulsação
que permite que você acompanhe com palmas. Experimente. Sim, eu sei, sua
família vai achar que você não é normal, tudo bem, mas tente. Marque essa
pulsação. Acompanhe-a. O que achou? O ritmo da música!
Então, descobrimos que melodia são os sons tocados
em sequência, um após outro; harmonia são os sons tocados ao mesmo
tempo (são os acordes, os famosos acordes nada mais são que sons tocados ao
mesmo tempo) e o ritmo, ou seja a pulsação da música.
Quer outro exemplos?
A – Em Octopus’ Garden, do Abbey Road, o começo da música é
uma melodia. Não há harmonia nem ritmo marcado, apenas a melodia.
B – No mesmo disco, ouça o começo de Polythene Pam. A
música começa com três acordes, isto é, três harmonias.
C – No Album Branco, disco 1, ouça o começo de Back in to
the USSR. A bateria e o piano marcam o ritmo. Um piano marcando ritmo?
Uma pergunta: quando eu falo em ritmo estou
obrigatoriamente falando em uma bateria? Não. O ritmo pode ser marcado por
qualquer instrumento. No Rock’N’Roll é justamente isso que faz a
guitarra-base. Marca o ritmo. Assim como a guitarra, qualquer
instrumento pode marcar o ritmo, isto é, indicar a pulsação da
música.
Às vezes, um mesmo instrumento marca o ritmo e a faz a
harmonia: a guitarra base, por exemplo, marca o ritmo e faz a harmonia. Em
um piano é possível marcar o ritmo, tocar a harmonia e uma melodia ao mesmo
tempo.
Andamento, velocidade e ritmo
Precisamos deixar claro uma coisa: ritmo não tem nada a ver
com velocidade. Quando dizemos que "este ritmo é rápido" estamos falando uma
asneira. Os ritmos podem ser tocados em uma velocidade mais rápida ou mais
lenta. Por isso, podemos ter um ritmo de valsa mais lento ou mais rápido, um
Rock mais lento ou mais rápido. Só que, em música, não chamamos isso de
velocidade, mas de andamento.
Muita gente fala em "ritmo de Rock", "ritmo de samba". Isto
se refere à diferença na batida, isto é, na pulsação da música. A velocidade
desta pulsação NÃO é o ritmo, mas o andamento. Logo,
Ritmo = pulsação da música
Andamento = velocidade
Quer um exemplo? No Abbey Road, lado B, há um
medley: Golden Slumbers, Carry That Weight, The End. O
ritmo, isto é, a pulsação das três músicas é igual, mas o andamento, isto é,
a velocidade, é diferente.
Se o ritmo não tem a ver com a velocidade, como distinguir
um ritmo de outro? Simples, pela batida, pela pulsação da música. Toda
música oferece uma batida praticamente constante, repetindo-se sempre. Mas
você pode reparar que, no decorrer de uma música, umas batidas são fortes e
outras são fracas. Para entender melhor isso, ouça o começo da faixa 12 do
Sgt. Pepper, justamente a reprise da faixa-título. Repare que a pulsação é
contínua, mas algumas batidas são mais fortes e outras mais fracas. É
justamente pela alternância dessas batidas, mais fortes ou fracas, que
dizemos se um ritmo é Rock, Blues, bolero...
Três exemplos clássicos:
- Rock costuma ter um batida forte, uma fraca, uma mais forte seguida de uma fraca – e isso se repete por toda a música.
- A valsa, por outro lado, tem uma batida forte seguida de duas fracas.
- As marchas costumam ter uma batida forte e uma fraca


















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